02 março 2009

Finalmente: sexo e carnaval

Compramos arquibancadas para a Sapucaí, mas minha parceira e eu estávamos desgarradas: Da Gávea para Copacabana, cheias de suor e álcool, achava improvável fugir da rua e correr pro metrô de encontro às outras e aos nossos ingressos.
Essa certeza veio com um olhar de canto de olho.
Eu, de máscara de gatinha (R$2,50), ele de óculos gigantes, sem lentes, só plástico (R$3,50). Sorri e esperei o sorriso de volta. Voltei o rosto para a multidão, a mente embriagada pensando rápido o próximo movimento.
Num susto, ele já está aqui do meu lado. Sorte de fumante, pedi um cigarro.
"Tem pedágio"
"Ah é? Mas eu posso pagar depois?"
"Pode, a hora que você quiser"
Desisti da Sapucaí.
A coversa foi fluida e sóbria. Amor, encontros, romance. E claro, o tema: a vida é pra ser vivida permeou todos os assuntos supracitados. Enfim:
"Por exemplo, a gente podia ter escolhido não ficar aqui conversando e perder a oportunidade de se conhecer mais" - uma baforada
"E quem garante que era pra isso mesmo que a gente tinha que estar aqui nesse pedaço de calçada, né? Pra se encontrar e se conhecer?" - um gole na Skoll quente.
"Então, a gente vai ficar aqui conversando ou você quer ir pra um lugar mais calmo?"
"Eu voto no lugar mais calmo, se meu voto tiver peso..."
Sorrisos.
Aviso.
Caminhamos até o carro, faço perguntas pertinentes - onde, como, quando, por que.
Ele é filho único, carioca morando no Rio, tem um gato de estimação e toca contrabaixo. É. Dá pra confiar. Sem contar que os olhos escuros e os dentes brancos...
Até aí, nenhum beijo, nenhum nada!
Sorrisos.
Parada obrigatória! Carro na esquina de uma rua no Flamengo.
"Eu tenho que te perguntar uma coisa: você quer que eu compre camisinha?"
"Quero"
Um beijo. Intenso, macio, doce, forte.
Motel.
Sexo.
Sono.
André.
Foi bom e não foi. Foi demais e foi pouco. Foi louco e foi super normal.
Foi divertido e entendiante.

De manhã, um beijo seco e "a gente se vê por aí".
Sem trocar telefones e sobrenomes.
Sem trocar sorrisos e promessas.
Foi no sábado de Carnaval.
Andei no sol com a roupa de ontem e o medo de agora
E se eu nunca mais me apaixonar por ninguém?
Ser só assim...
Um encontro de mascarados nus, saudosos de um Carnaval que nunca chegou?

No corpo ficou um alívio e só.
Na alma, ficou o primeiro sorriso, o primeiro olhar, primeiro beijo.
E só.

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