21 maio 2011

naufrágio

Os meus destroços se veem pelo mar
São pedaços que flutuam a esmo
e olhando assim,
Não se entende que um dia foram coisa única
Indivisível
São incoerentes e se espalham
Esparsos
Tristes
Sem rota
À lenta espera da podridão.

por Wyborowa

23 agosto 2010

Eduarda e Mônico

Numa festa estranha com gente esquisita
Eu já não tava legal de tanta birita
O tal moço riu e quis saber um pouco mais
Sobre a mocinha que tentava impressionar

E eu já meio tonta só pensava em ir pra casa
- só não sabia quem eu ia levar

A gracinha da estória acaba por aqui.
Porque o Mônico da estória virou um pré Atração Fatal à la Glenn Close:
no estacionamento do prédio, uma pergunta de arrepiar:
- tem certeza que é isso que você quer?
Eu olhei pro lado: tá falando comigo? - jurava que o cara lia algum texto numa cartolina qualquer!

Eu vou poupar o leitor de toda parte erótica (e chata) do episódio.
Porque o final virou uma Relação de 15 anos:
um casal entre lençóis discutindo o futuro, o sexo, o compromisso, a fidelidade.

Ei! Calma, amigo! Eu só te convidei pra subir, não pra casar!
Não deu certo: o moço surtou de vez, falou horrores de mim e pra mim.
E saiu da minha casa com a frase de efeito:
- Eu só não queria ser mais um na sua vida...

(por erva venenosa)

28 março 2010

expectativas

Criar expectativas é uma merda.
(Diria até que uma graaaande merda.)
Porém - e infelizmente - inevitável...

(por Wyborowa)

16 fevereiro 2010

O Carnaval e o celular

depois de longos beijos no meio do salão, a fatídica pergunta - me dá seu número, vamos nos ver amanhã?
- pra quê - eu penso comigo - pra quê nos ver amanhã?
- anota aí - claro, dou meu celular.
mais um longo beijo e volto para casa sozinha. por eu quis. porque deu preguiça de estar ali com alguém que quer me ver - mas só se for amanhã.

em tempos idos, certamente a falta do celular ajudava.
se agora existe a expectativa de um reencontro, antigamente o encontro era tudo que devia ser:
ali, naquela hora, tudo deveria ser dito, feito e refeito. outro rendez-vous não estava à distância de uma sequência única de algarismos.

desnecessário dizer que o meu celular não tocou.
e isso me dá certo alívio.
amo carnaval.
amo a intensidade, a volatilidade, e todo o romantismo que isso traz.
o telefone celular quebra essa cadeia de elementos lúdicos ligados uns aos outros pela música, a alegria e o tempo restrito dos dias, das horas, do efeito do álcool.

quero viver os carnavais dos séculos passados:
hoje, saio e equeço o celular. não o aparelho, mas meu próprio número.

24 janeiro 2010

Tudo e nada

"tudo pode acontecer.
inclusive nada."

e aliás, esse nada anda acontecendo demais na minha vida.
já tá bem passando da hora de acontecer tudo.
tipo agora, de preferência:
passar num concurso pra mudar de emprego LOGO.
sair do emprego pra ganhar mais dinheiro RÁPIDO.
ganhar mais dinheiro pra trocar de carro ANTES DESSE MORRER DE VEZ.
trocar de carro e viajar dirigindo por esse Goiás adentro nos pequenos feriados.
viajar dirigindo e cantando as músicas romântico-bregas que tanto gosto.
cantar músicas românticas pra ficar no clima de - tudo pode acontecer -
ficar no clima de tudo pode acontecer para que tudo possa acontecer.
e para que tudo possa acontecer, o nada tem que parar de acontecer de uma vez por todas.
ele e minha falta de paciência porque nada acontece!
(erva venenosa)

19 janeiro 2010

Máscara

- mãe, conheci um cara no reveillon
- é, e aí?
- e ele me ligou dois dias depois
- hmm, que bom, minha filha. e agora?
- e agora que ele não me ligou mais. vamos ver o que acontece
...
- mãe, lembra do cara do reveillon?
- han han, lembro
- eu encontrei com ele ontem, no pier
- ah, que bom minha filha. e como foi?
- deve ter sido ótimo pra ele - tava com uma menina bem alta, morena, com cabelos bem longos.
- é minha filha? ... e agora?
- e agora que ele com certeza não vai me ligar mais e então não tem mais nada para ver e acontecer.
- é, filha, pelo menos ele foi desmascarado logo, né? agora você já sabe quem ele é.
- ou não, né mãe. ou não...

14 dezembro 2009

a ignorância é uma benção

acho q eu queria ter nascido bem burra
e bem sem noção.
e bem despreocupada.
e bem sem juízo.
e bem sem vergonha.

talvez assim pudesse crescer e viver sem almejar nada.
sem sentir falta de nada.
sem carregar culpa pelas escolhas erradas.

de fato. a ignorância é uma benção.

09 dezembro 2009

Síndrome de Fim de Ano

e eu me sinto totalmente inadequada, inútil, burra, feia e chata.
e falto aula e dá sono e vontade de chorar.
e sem comer e sem beber e sem nada pra se lamentar.
fora torcer pro próximo ano vir logo, que esse sim, deverá ser bemmm melhor.
(não é possível!)
essa minha sensação de não caber, de não pertencer, de simplesmente ser tão única, tão ímpar, tão singular, que vivo sozinha e só.
saco.
cansada.

(por erva venenosa)

18 outubro 2009

Automóvel

Gente, e daí que meu carro está na oficina sendo praticamente refeito.
Isso que dá ficar nove anos usando uma máquina sem os devidos cuidados. 15 dias parada.
Então que meu pai tem um novo hobby que é frequentar leilão comprar carro de zero reais por mil.
E ele, que não tem nada de turco, que não vendo nota de cinco por um, comprou um Uno 97 - está à venda por 6 mil, vai? - e botou na minha mão.
Enquanto o meu carro fica no estaleiro, eu dirijo um carrinho de bate-bate pelas largas avenidas da capital do Brasil.
Dou muita risada.
E me irrito bastante.
Sem freio de mão, com o limpador de pára-brisa funcionando quando quer e o um negocinho que armazena água vazando - eu ando de quarta, com uma garrafa pet de água para eventuais "refill" do vazamento, e ah! - NUNCA MAIS NINGUÉM OLHOU PRA MIM NO TRANSITO!
Isso mesmo, preconceito baseado na idade, não a minha (que também seria até justificável) mas na do carro!
Senhoras, amigas, danadas de plantão: se a meta é azarar no trânsito, o carro importa. Importado seria o ideal!
Mas, eu que sempre tive carro popular nunca me vi fadada ao anonimato no trânsito até dirigir um réle Uno Mille branco no céu de Brasília.
Péssimo para a auto-estima do ser humano carente e sozinho.
Pelo menos não ando de ônibus...
Mas não é que sábado à tarde, no Grande Circular, notei olhares interessantes endereçados à minha pessoa?
Vai ver que Mercedes-Benz - mesmo que busão - tá valendo mais que Fiat 97 no tabuleiro do amor...

postado por Erva Venenosa

05 setembro 2009

o meu Eu Te Amo

O meu Eu Te Amo é solitário e vazio.

É um poço onde se atira uma moeda
Mas o ruído da água não vem.
É um grito no abismo
Que não devolve seu eco.
É o fósforo riscado
Sem provocar fagulha.

É a explosão muda.

O oceano seco.
O céu opaco.
A terra dissoluta.

É a espera inócua
De nada.